Friday, August 01, 2008

VALEU Márcia !!!!

Mulher põe maiô para se refrescar na Praça Raul Soares


Curtir o céu azul sem nuvens do inverno e se bronzear no sol, na canga estendida sobre o chão, ao som de música clássica, apreciando a água em suas formas dançantes. Para uma designer de sapatos e bolsas de Belo Horizonte, a cena, comum em praias e clubes, se encaixa perfeitamente na paisagem urbana. Há duas semanas, Márcia Amaral aproveita o início das tardes bem ao lado do prédio onde mora: na Praça Raul Soares, no Centro da capital. Ela abandona a vista do 28º andar do Condomínio JK das 12h às 14h, veste um biquíni ou maiô, põe os óculos escuros e se posiciona lá embaixo, perto da fonte ligada. Se a música for Bolero de Ravel, com toda a sua grandeza, o entusiasmo é ainda maior.

Veja outras fotos do banho de sol inusitado

“Queria que as pessoas aproveitassem esse espaço, que as crianças brincassem e as famílias fizessem piquenique. A praça está linda. Por que não usá-la? Se o povo não cuidar e não ocupá-la, será de novo o lixo de antes, tomada por mendigos e desocupados”, diz. “Não faço loucura, sei até onde posso ir. Poderia aproveitar a piscina na casa da minha mãe, que mora em frente ao shopping, em Lourdes, mas eu adoro a Raul Soares. Trabalho enquanto estou aqui, pelo celular, e ninguém sabe que estou tomando sol”, afirma.

O hábito, comum em países da Europa, não agradou a algumas pessoas. Quarta-feira, o banho de sol foi interrompido depois de uma denúncia anônima e a Polícia Militar e a Guarda Municipal foram chamadas. “Em vez de procurar bandidos, mandaram três viaturas, uma moto e uma bicicleta atrás de mim, mas muita gente me defendeu”, conta. O incidente terminou de forma pacífica e, ontem, estava Márcia de novo, pela manhã, na grama. Depois do ritual, foi novamente abordada pela Guarda Municipal e informada sobre a Lei Federal 9.605/98, de crimes ambientais. O artigo 49 prevê punição de um a seis meses de prisão ou multa a quem prejudicar ou danificar planta ornamental em logradouro público.

O fato de não poder mais ficar na grama desagrada a Márcia, que terá, agora, de se sentar nos bancos da praça ou estender no chão a canga ou cadeira estampada. “Eu não posso, mas os mendigos e as madames que deixam os cães fazerem cocô em via pública podem”, reclama.

O major Francisco Eduardo Monteiro, da Guarda Municipal, informou que a situação é inviável para os padrões do local. “Se permitirmos, daqui a pouco teremos dezenas de pessoas na grama e a vegetação será danificada. Aqui é jardim e não foi adequado para isso. Há áreas específicas, como os parques Municipal e das Mangabeiras”. Segundo o major, placas serão instaladas para orientar os freqüentadores. Quatro guardas por turno, que se revezam na vigilância do local, também avisam os pedestres. Acrescentou que tomar sol em trajes de banho não é considerado atentado ao pudor e não é crime, desde que fora da grama.

Na praça, a cena chama a atenção. A universitária Áurea Gonçalves, de 20 anos, diz que não faria o mesmo que a designer, pois tem vergonha: “Mas a praça é pública e se você se sente bem e não se importa, não há problema”. A doméstica Terezinha Aparecida dos Santos, de 48, também acha natural: “Não está errado e não incomoda ninguém”.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home