Tuesday, January 13, 2009



Um grito de revolta
Banda de thrash metal Chakal relança trabalhos dos anos 1990 e prepara novo disco e DVD. Grupo, que abriu mão da carreira internacional, tem trabalhas lançados na Europa e Japão

Ailton Magioli - EM Cultura

Os músicos Mark (guitarra), Korg (vocais), Andrevil (guitarra) e William Wizz (atrás, bateria), integrantes do Chakal, que, como o Sepultura, lança canções com letras em inglês
Pela primeira vez em estúdio com a mesma formação de um trabalho anterior (Demon King, de 2004), a banda de thrash metal Chakal prepara o sexto disco solo de carreira, para o segundo semestre, de olho na unidade do som pauleira que conquista fãs há mais de 20 anos. No rastro da remasterização de The man is his own jackal (1990) e Death is a lonely business (1991), que a Cogumelo Records reuniu em um único lançamento, no finalzinho de 2008, os rapazes também comemoram a chegada ao mercado, ainda neste semestre, do DVD Warfare Noise Festival, que gravaram ao vivo, no Lapa Multshow, em 2005, ao lado das bandas Mutilator, Sarcófago e Holocausto, além da participação, na abertura, de Calvary Death, de Itaúna.


“Depois de trocar de vocalista do primeiro para o segundo disco, quando também perdemos um guitarrista e, consequentemente, estávamos com novos vocalista e guitarrista no terceiro disco, voltamos a trocar de vocalista, mais uma vez, no disco seguinte”, recorda o guitarrista Andrevil, acrescentando que no quinto disco a substituição no Chakal foi do baixista. “O próximo vai repetir, finalmente, a formação do último disco, contribuindo para uma coesão maior do som”, avalia o baterista Willian Wizz, salientando o fato de cada um dos três primeiros discos da banda ter sido gravado com um vocalista diferente.

“O amplo entrosamento entre as guitarras (dele e de Mark) também vai valorizar os arranjos”, garante Andrevil. “Tecnicamente, há uma evolução nos discos da Chakal, já que este será o terceiro trabalho consecutivo que eu produzo para a banda, em meu estúdio de Belo Horizonte”, acrescenta o guitarrista. Boa de palco, a Chakal, segundo os integrantes, passou a gravar os ensaios ao vivo, aprendendo a tirar proveito da pulsação que cativa o público a cada nova apresentação. Com oito faixas inéditas já registradas em demo – apenas duas delas ganharam voz até o momento –, musicalmente, a banda continua perseguindo o thrash metal tradicional, vindo do sul dos Estados Unidos, mais especificamente da Califórnia, onde nasceram para a fama bandas como Metallica e Slayer.

As inglesas Iron Maiden e Judas Priest também foram importantes para reforçar o estilo, que promove a fusão do heavy metal com o hardcore, explorando, principalmente, guitarras distorcidas e vocais rosnados. No Brasil, não por acaso, o maior representante do gênero é o Sepultura, surgida um ano antes da Chakal, na década de 1980. Além dos guitarristas Andrevil e Mark e do baterista Willian Wizz, atualmente integram a banda Korg (vocais) e Giuliano Toniolo (baixo). Muito antes do Sepultura e Chakal, no entanto, já havia surgido na capital mineira a overdose, banda que costumava reunir na platéia os músicos que, pouco tempo depois, iriam integrar as futuras formações de thrash metal.

Responsável pelo discurso da Chakal, o vocalista Korg anuncia que a temática mais crítica e obscura permanecerá nas letras (em inglês) do novo disco da banda, que também vai voltar a cultivar o terror. “Usamos a banda para atacar instituições, principalmente as religiosas”, afirma o cantor-letrista, que já prepara resposta ao papa Bento XVI, que acusou o homossexualismo de “deformidade humana”. “Ergo das trevas o capeta para falar dos preconceitos e coisas medievais que a Igreja propõe para a humanidade ainda hoje”, provoca Korg, lamentando a “pressão moral deplorável” exercida pela instituição.

Entre os novos personagens criados pelo letrista está um caçador de vampiros. Korg também se inspira no quadro Ilha dos mortos (Isle of the dead), pintado em cinco versões parecidas, por Arnold Böcklin (1827-1901) e citado por Lya Luft no livro O quarto fechado. Adepto da intercessão entre as artes em geral, Korg gosta de trabalhar a música principalmente ao lado da literatura e das artes plásticas. Por enquanto, o letrista mantém o título das novas composições também sob segredo. No disco Deadland, ele fez link com a faixa Dead walk, de Abominable anno domini, o disco inaugural da Chakal, produzindo repertório conceitual, inspirado na Trilogia dos mortos, do diretor-roteirista George Romero. A estética dos quadrinhos, responsável pelo batismo da banda, e o RPG são recorrentes no trabalho da banda.

METAL DE PRIMEIRA GERAÇÃO

Na Cogumelo Records desde o início de carreira, a Chakal é considerada por João Eduardo, proprietário da gravadora, a melhor banda thrash metal do Brasil. “Em Belo Horizonte, somos um celeiro do estilo com a Chakal à frente”, diz o produtor-empresário, que mantém contrato por trabalho com a banda. “Ainda que não tenha se tornado tão poderosa quanto o Sepultura, a Chakal é da primeira geração do metal brasileiro que ficou conhecida lá fora, tendo influenciado muitas bandas estrangeiras”, diz João Eduardo.

Na opinião dele, o Sepultura só saiu na frente porque tinha fatores diferenciados. “As pessoas costumam dizer que o Sepultura foi a minha banda protegida, que eu investia mais nela. Não era nada disso, talvez por serem mais jovens, os meninos do Sepultura tenham corrido mais atrás das coisas. Como instrumentistas, eu vejo os músicos da Chacal – ao lado dos do Multilator e da própria Overdose – muito mais aptos para tocar. O Sepultura saiu na frente porque tinha mais carisma. Aos 17 anos, Max Cavalera já era ídolo de uma geração inteira.”

Distribuídos no exterior pela norte-americana Relapse Records, os discos da Chakal têm boa saída nos mercados americano, japonês e europeu, principalmente no alemão. Longe de se preocuparem com vendas, os integrantes da banda – que nunca se apresentou no exterior – dizem não ter pressa. “A cada novo lançamento almejamos por uma turnê internacional, mas não podemos abrir mão de nossos empregos e família aqui”, afirma Andrevil, lembrando que, além do estúdio mantido por ele na capital, dois integrantes da Chakal são funcionários públicos. “Tocar na Europa hoje é o de menos. Dá para agendar shows até pelo MySpace”, avalia, lembrando que o custo alto da viagem é que muitas vezes não compensa.

2 Comments:

Blogger Laranja said...

"o dia do chakal vai chegar!!!! Rápido assim espero...." Sucesso pra vcs e espero que não tenha nenhuma magoa de vcs para com esse q aqui escreve.... Abx e keep rocking!!!!

12:26 PM  
Blogger K O R G said...

mágoa de cu é rôla,amigão.
Vê se aterriza e apareça.

8:00 AM  

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